sexta-feira, 17 de setembro de 2010

angústia.

Ela tinha medo, medo de não conseguir suportar a dor. Estava queimando por dentro, ninguém parecia notar.
Por vários dias essa angústia permaneceu, corroendo seus sentimentos e até seu coração. Foi então que ela notara que a dor na verdade não existia, sofrera porque se iludira pela vida inteira.
Acabara, tudo aquilo que a machucava se fora. Sentou-se próximo a uma árvore e tornou a admira-la e pela primeira vez vira a última folha cair. Chegara o outono. Ela sabia que isso era o começo de uma nova vida.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Longa espera.

Sempre pensei que nada poderia acontecer comigo, com nós. É como se o mundo parasse para mim entender o que estava acontecendo. Não podia. Por que você?. Todos os dias levanto-me e venho tomar café da manhã em nossa lanchonete favorita. O mesmo ovo frito com suco de laranja, mas eu sei que falta uma coisa, você, sentado a minha frente esperando o horário para ir ao trabalho.
Lembro-me perfeitamente dos seus olhos cintilando para mim junto com o sol na janela ao nosso lado. Não era a toa que preferíamos este lugar.
Uma vez você me disse que para acreditar em algo, precisa ser primeiramente um grande sonhador de nossos próprios contos. E se os contos acabarem? E se eu não conseguir mais sonhar? Queria que estivesse aqui para me responder.
Certo dia me perguntaram o que lhe diria se eu o encontrasse outra vez, bem, diria que não foste apenas um irmão, mas sim um grande aconselhador e que sinto saudades, muita saudades.
Sua irmã, Lilan.

Foi o que eu acabara de escrever na última página do meu velho diário.
O que acontecera com meu irmão? Fora atropelado por um homem embriagado enquanto atravessava na faixa de pedestre. Se o homem bêbado morreu? Não. Mas sabe, como dizia meu irmão: onde houver injustiça haverá punição e o tempo se encarregará disso.